Vídeo não é só um formato. É a base de toda estratégia

Descrição do post.

Chris Paes

7/26/20253 min read

Uma vez eu estava trabalhando numa campanha política. Produzindo, editando, escrevendo, resolvendo coisa. E aí teve uma reunião com o chefe de marketing da campanha. Um cara famoso. Especialista em marketing político, influencer, desses nomes que todo mundo do meio conhece. (Se você fuçar um pouquinho, sabe quem é. Porque só tem ele.)

Enfim, esse cara tinha o hábito de chegar nas reuniões pra dar esporro. E nesse dia ele veio com uma reclamação que eu nunca entendi.

Ele disse:

“Essa campanha tem vídeo demais.”

Eu fiquei olhando.

Não entendi se era piada.

Não entendi se ele tava falando sério.

Fiquei pensando: vídeo demais? Isso é tipo reclamar que tem muita picanha num churrasco.

Na época, eu deixei passar. Mas até hoje eu volto nessa cena de vez em quando. Porque se tem uma coisa que sempre fez sentido, é que vídeo é o formato que mais conversa com as pessoas. Era assim naquela campanha. É assim hoje. Só que agora ficou mais claro.

Tava lendo uma pesquisa nova da Kantar. Dados frescos. E o que eles mostram é o seguinte: o vídeo não é mais só um formato. Não é uma opção.

É a base.

Não é tendência. É infraestrutura.

A Kantar soltou o Data Stories 47 agora em junho. E, resumindo: se você ainda trata vídeo como "parte da estratégia", já ficou pra trás.

Saca só:

  • Em um dia, mais de 63% dos brasileiros são impactados por vídeo.

  • Em uma semana, esse número sobe pra 87%.

  • E em um ano, praticamente todo mundo: 99,5%.

Ou seja, você pode até não gostar. Mas não dá pra ignorar.

Vídeo virou a espinha dorsal da comunicação.

Mas tá tudo quebrado

O grande ponto é que o consumo de vídeo tá espalhado em tudo quanto é tela.

TV conectada, celular, desktop, tablet, TikTok, YouTube, streaming, Reels, stories, ads no meio do episódio. É tudo vídeo.

E esse consumo acontece ao mesmo tempo, em várias plataformas, com gente assistindo sozinha ou em grupo. A média diária na TV conectada é de 5h38. No celular, 1h24.

Ou seja: a jornada é fragmentada pra caramba.

Se você acha que dá pra fazer uma peça bonita, jogar em tudo e rezar pra performar... você ainda tá tentando vender VHS em 2025.

As pessoas ainda assistem anúncio. Só que não qualquer um.

Um dado que me pegou de surpresa:

39% das pessoas assistem anúncios em vídeo inteiros.

Sim. Em 2025.

Com mil distrações. Com botão de pular. Com gente odiando ser interrompida.

E mesmo assim, quase 4 em cada 10 assistem até o fim.

O problema não é o anúncio.

O problema é o anúncio genérico, sem contexto, que tenta empurrar uma mensagem pasteurizada em todo mundo igual.

Publicidade em vídeo ainda funciona. Mas exige mais. Exige inteligência de mídia, narrativa, estética e timing. Coisa que muita marca esqueceu como faz.

Streaming, VOD, ads e a falsa ideia de que ninguém quer propaganda

O estudo também mostra que o brasileiro médio tem 2,5 assinaturas de VOD. E que mais da metade toparia ver anúncio se isso significar pagar menos.

Ou seja: o público já entendeu o jogo.

Agora falta o mercado parar de fingir que tá entregando valor quando só tá empilhando vídeo ruim. O desafio não é "fazer vídeo". O desafio é criar coisa que faça sentido dentro do formato, da plataforma e da vida das pessoas.

O que realmente tá acontecendo

O vídeo se tornou a linguagem padrão da internet. E a maior parte das marcas ainda não entendeu o que isso significa.

Elas tratam vídeo como uma peça a mais na planilha. Como se fosse uma versão cara do post em carrossel. Como se fosse só estética.

Só que vídeo hoje é mídia, formato, experiência e presença. Tudo ao mesmo tempo. E ele exige um outro jeito de pensar:

  • Pensar em narrativa.

  • Pensar em comportamento.

  • Pensar em canal e contexto.

  • E, principalmente, pensar com clareza de propósito.

E no meu caso?

Eu tenho me forçado muito a trabalhar com vídeo.

Falar na frente da câmera nunca foi um problema pra mim. Eu até tenho uma certa facilidade com isso.

Mas a parte de edição me trava. Me atrasa.

Deixa o processo mais lento do que eu gostaria.

Mesmo assim, eu continuo fazendo.

Porque eu entendi que é isso que distribui. É isso que constrói.

Na minha história até aqui, o carrossel é o que mais engaja. E não sou só eu que acho. O próprio CEO do Instagram falou essa semana que carrossel é o formato que mais engaja na plataforma.

Só que uma coisa é engajamento.

Outra é alcance real e construção de marca.

E pra isso, não tem jeito: é vídeo.

Pode doer. Pode ser trabalhoso. Pode não ser perfeito ainda. Mas já não dá mais tempo de ficar adiando.

Tem que entrar. Tem que aparecer. Tem que contar sua história em vídeo.

É isso.